ReporTito - Entrevista a Herman José


Tito Pinto (TP): Olá Herman José e desde já muito obrigado por me conceder esta entrevista para o meu blogue. É uma horra tê-lo como primeiro convidado no ReporTitoComo fã, gostaria de começar com a seguinte pergunta: Tem consciência da quantidade de jovens que influenciou e influencia com o seu trajecto profissional?
Herman José (HJ): Na verdade, vivo tão obcecado com o presente que nunca me dou ao trabalho de fazer balanços, mas quando sou confrontado com essas opiniões fico orgulhoso e obviamente satisfeito.


TP: O humor estava escondido, ou melhor, era pouco divulgado e falado antes do Herman. Como apareceu o Herman José para Portugal?
HJ: Eu tive a felicidade de crescer como humorista depois do 25 de Abril de 1974, inspirado pelos meus gurus da altura "Monty Python", bem longe do tipo de humor que se praticava nos palcos de revista onde me estreei.


TP: Tem uma carreira recheada de êxitos. Gostaria de destacar alguns programas ou momentos que mais o tenham marcado a nível profissional?
HJ: O Estebes e o Serafim são duas personagens que me acompanham sempre, mas o Nelo está tão presente, que terá direito a regresso à televisão em Outubro.


TP: E a nível pessoal? Existe algo que tenha deixado marca?
HJ: A morte do meu pai foi muito marcante para mim. Era um amigo e uma espécie de "Google" privado.


TP: Actor, cantor, músico, apresentador e humorista. Brincando um pouco com o nome do seu espectáculo ao vivo "One Herman Show"… Podemos considerá-lo um "one man show"?
HJ: Só o humor não me chega. Só música é redutor. A mistura dos dois ingredientes fazem maravilhas e é responsável pelo grande sucesso do meu ONE (HER)MAN SHOW.


TP:  Qual a personagem ou personagens que mais gosto lhe deu dar vida?
HJ: Não há amor como o primeiro. O sucesso do meu "Tony Silva" do Passeio dos Alegres foi a minha primeira grande alegria artística.


TP: Tendo em conta a sua experiência, como analisa a forma de apresentação do humor aos portugueses nos últimos anos? Refiro-me à televisão e rádio. Acha que algo que finalmente se deu o "salto" ou que ainda há muito a fazer?
HJ: Está tudo por fazer. O humor portugues está ainda na pré-história.

TP: Nos EUA os guionistas têm um poder enorme, principalmente no mundo das séries. Aqui em Portugal, o que acha dos guionistas?
HJ: A maior parte deles são protagonistas do seu próprio material. Outros estão encalhados nas novelas, que em Portugal funcionam como uma espécie de eucaliptos: secam tudo à volta.


TP: A Internet veio apresentar valores desconhecidos e que outrora teriam hipóteses quase nulas de serem revelados. Considera que a internet é uma mais-valia para aquele que quer ser humorista?
HJ: A net inaugurou uma nova época. Tudo é diferente, não só no humor. O nosso papel é apanhar este comboio-rápido em andamento. Quem não estiver para isso, ficará sentado e estagnado numa qualquer estação.


TP:  Qual a sua opinião da chamada "nova geração do humor em Portugal"?
HJ: Muita quantidade, da qual surgirá arte e qualidade. É sempre assim.


TP:  Até há pouco tempo pudemos vê-lo no Há Tarde da RTP. Reconheceu que o programa lhe possibilitou o contacto e a conquista de um público diferente. Qual o balanço da sua participação no Há Tarde?
HJ: Foram dez meses, que tiveram tanto de maravilhoso como de trabalhoso. Voltaria a repetir a experiência, mas nesta fase está a saber-me bem poder voltar às minhas rotinas.


TP: Existem futuros projectos na calha? Quando o poderemos ver novamente?
HJ: Já dei a entender que voltarei à ficção humorística em Outubro. Os pormenores caberá à direção de programas desvendar...


TP: Para terminar gostaria de lhe colocar a seguinte questão: que conselho daria a alguém que pretende fazer vida no e do humor?
HJ: Todos temos obrigação de procurar os nossos verdadeiros talentos. Se desconfiarmos que o nosso talento não é o de humorista putativamente primodivisionário, mais vale mudar a agulha e não condenar o futuro à eterna frustração artística.


TP: Questão extra: Qual o lema da sua vida?
HJ: Vive e deixa viver. Um abraço !

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