Dia da mãe: As "coisas" de mãe


O dia da mãe é aquele dia em que todas as crias se sentem obrigados a estar com as suas progenitoras. Seja ao almoço, jantar, lanche ou ao pequeno almoço, o importante é estar.
E com prendas, se possível.
De facto, esta é uma boa altura para se abrir uma florista e retirar um bom lucro disso.

Mas, neste dia, é importante evocar algumas frases bem conhecidas por fazerem parte da "linguagem de mãe" - linguagem desenvolvida desde o momento em que o filho abre os olhos ao mundo até ao momento que cresce...
E sim, para uma mãe, um filho nunca pára de crescer!
Para uma mãe, um filho, será sempre o "seu bebé".

É por isso mesmo que "coração de mãe não se engana".
Podemos dizer que estamos bem dispostos e exteriorizar um sorriso do tamanho do mundo para tentar disfarçar. Mas, lá no fundo a nossa mãe sabe que algo está errado.
Foi isso que se passou quando a minha mãe  soube que eu tinha destruído o meu carro quando tinha 18 anos.

Deixo-vos a história*...

Ela sempre andou de um lado para o outro de autocarro.
Um dia, ao ver-me na rua, encostado ao passeio, resolveu sair na paragem seguinte do local onde me avistou.

Quando a vi, comecei a lacrimejar e a pedir para não contar nada ao meu pai quando ela me disse: "continua a chorar que daqui a pouco dou-te motivo para isso".

Engoli a baba e o ranho e disse-lhe que não tive culpa!
Que um carro se havia atravessado à minha frente e eu não conseguira travar a tempo...

A resposta foi imperativa: "Não interessa o que os outros fizeram, tu não és os outros!"
E um calduce foi-me entregue no cachaço.
Mas atenção! Um calduce bem dado, porque uma mãe faz sempre as coisas bem feitas.

Disse-me de seguida: "Espera só quando chegarmos a casa!"
Tremi!
Este "chegarmos a casa" era a mesma coisa que dizer "quando o teu pai souber disto..."

Nesta altura pensei numa frase típica de mãe: "Quando morrer é que me vão dar valor."
Sim, era caso para isso.
A frente do carro parecia uma folha de papel, bem amarrotada.
E sim, o meu pai não ia ficar contente isto.

Mas, no meio do tumulto, resolvi tentar ganhar uns pontos e disse à minha mãe: "Mãe, já tratei de toda a papelada com o senhor da outra viatura. Está tudo certo."
Ao que ela respondeu: "Não fizeste mais do que a tua obrigação."

Gelei.
Sabia que estava lixado quando chegasse a casa, mas tinha mais medo da expressão facial da minha mãe do que da palma da mão do meu pai.

Chegados a casa, encontramos o meu progenitor, sentado no sofá a ler o jornal depois de um dia de trabalho. Quando me avistou perguntou: "Então e o teste de matemática? Há novidades?"
Respondi meio a medo: "Tirei 9, mas foi uma razia este teste. Foi quase tudo corrido a negativa e a minha foi das mais altas!"
Eis que ele me diz com veemência: "Houve piores notas que as tuas? Não quero saber das outras notas! Explica-me esta negativa!"

Foi aqui que me apercebi que o meu pai estava a usar frases de mãe e que o tinha perdido para o lado negro da força, o lado onde não importa o que se diga que se ganha todas as discussões.
Calei-me.

De repente, aparece novamente a minha mãe.

"Já contaste ao teu pai o lindo serviço que fizeste?" - disse ela.
"Sim, ja me falou da negativa a matemática" - respondeu o meu pai.
"Negativa a matemática?! Eu nem sei o que te faça!!" - retorquiu ela com carinhos em forma de calduce.

"Não sei o que seria desta casa sem mim" - acrescentou.

Depois de uma pausa de cinco segundos, afirmou em tom imperativo: "Segunda-feira começas a estudar e não há saídas para lado nenhum; Até porque vais ficar sem carro uns bons meses!"

Depois, e antes de me obrigar a ir para o quarto, ainda me disse: "E só de pensar que quando saíste de casa eu te dei uma simples ordem e tu ignoraste... Seja a primeira e última vez que te encontro no meio da rua de camisolinha de algodão quando te digo de manhã para "levares um casaco que está frio!"
"Agora, já não te basta teres f#dido o carro?! Ainda vou ter de faltar ao trabalho para cuidar da gripe do menino?"

Sinceramente, tenho de parar de escrever este texto porque a minha mãe está-me a chamar para jantar.
E sim, o caso é crítico pois ela já disse "Eu vou contar até 10..." e toda a gente sabe que é grave quando uma mãe começa esta contagem.
Por isso, até uma próxima oportunidade.

*fictícia, não vá alguém pensar que isto é real. Mãe, se estiveres a ler isto lembra-te do seguinte: sou humorista. Amo-te muito! 

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