Duas personagens, Watson e Barnabé conversam entre si.
"Onde?"
Não sei.
"Porquê?"
Também não sei. Leiam e parem de fazer perguntas estúpidas.
- Na indústria dos móveis que vem lá do lados da Escandinávia, havia um sonho.
- "Havia"? Já não há?
- Não.
- Porquê?
- Uma pergunta com outra pergunta. Porque vacilou esse sonho, sabes caro Watson?
- Não Barnabé. Dizes-me?
- Claro que sim, amigo.
- Falsidade, chefes incompetentes, promoções "brochísticas" aliadas a altos níveis de roçamento e incompetência, nulidade de humildade e desvalorização de quem merece o mérito.
- Utilizas-te duas vezes incompetência.. porquê?
- Desculpa, é mentira.
- Ah! Estava a ver.
- Não, agora também estou a mentir. Estás a ver? Ironia e mentira. Outras duas boas coisas que lá se praticam.
- A sério? Ei... aquilo parece ser mesmo fixe.
- E é caro Watson! Aconselha-se lá permanência a toda a gente que anseio por um suicídio espectacular.
- A sério?
- A sério Watson!
- Então se eu quiser ter um suicídio absolutamente espectacular basta-me ir trabalhar para essa indústria dos móveis que vem lá do lados da Escandinávia?
- Não e sim. Aquilo não é só querer ir para lá. Tens de te candidatar, como em todo o lado. Mas, com sorte conseguirás lá entrar. Depois, é só maravilhas.
- Estás a deixar-me com água na boca Barnabé.
- Prepara-te que entrando lá ficarás com a água noutra zona.
- Como?
- Sim, ficarás com a cabeça em água.
- Oh! Lá estás tu com as tuas coisas. Sempre a incentivar-me!
- Gosto que sejas feliz!
- Olha uma coisa... trabalha lá muita gente?
- Sim, ainda trabalha lá alguma gente. Pouca, mas trabalha.
- Pouca? Ouvi dizer que na loja do norte são pelo menos 400...
- Falaste-me de gente. Para mim, gente são pessoas. Os bezerros não contam.
- (a rir) Bezerros!
- Sim, bezerros! Uma raça que costuma pastar - no sentido literal da palavra - pelos corredores da loja.
- Então e os seguranças deixam bezerros pastarem na loja Barnabé?
- Têm de deixar. São esses bezerros que mandam nos seguranças.
- Ah bom! Então eu quero ser um bezerro Barnabé!
- Logo vi que te iria convencer.
- O que tenho de fazer?
- Quase nada. É simples. Já ouviste falar em respeito pelos outros?
- Sim..
- Esquece. Depois disto, é meio caminho andado.
- Oh! É só isso?
- Claro que não. Para seres um bezerro é preciso muita coisa. Posso dar-te apenas e só mais umas dicas..
- Força Barnabé! Força!
- (a rir) Ok! Ok. Tudo isto vai de encontro ao que já te havia dito anteriormente. Falsidade, incompetência, ironia, mentira, arrogância, prepotência... tudo isto são requisitos importantes e que tu tens sempre de ter presentes se quiseres ser um bom bezerro.
- Ok Barnabé. Obrigado! És um bom irmão.
- (a rir) Obrigado puto! Agora vê se descansas que amanhã é dia de aulas.
- Ok. Até amanhã mano.
- Xau puto.
- Mano!!
- Diz Watson..
- Deixa a porta do quarto aberta.
- Porquê?
- Tenho medo.
- Medo de quê Watson? O mano está aqui.
- Tenho medo dos bezerros.
- Quem não tem Watson? Quem não tem?
História de embalar, verdade, Ikea, cenas, coisas, ensinamentos e medos.
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- on 12/09/2009 02:17:00 da manhã
- 3 comments
3 comentários
Absolutamente espectacular!
ReplyObrigado Hugo!
ReplyObrigado Hugo!
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